domingo, 9 de junho de 2013

Saudade

Olho para trás. Não consigo desprender-me do passado. Continuo a deixar-me afundar pelos mesmos sentimentos e, sem que me aperceba, vou permitindo que eles me dominem e trilhem um caminho que não escolheria conscientemente. Receio não saber travá-los e perder-me na tentativa de os omitir. A eles, a esses sentimentos que quis esquecer, mas que, de quando em quando, regressam a mim. Na verdade, acho que percebi que os sentimentos não se esquecem. Eles ficam guardados algures em nós, uns adormecidos, outros acordados. Talvez preferíssemos que os sentimentos se fossem embora, mas eles ficam e ficam por tanto tempo que por vezes acordam e voltam  chatear. Ingenuamente, eu achava que as coisas se podiam esquecer facilmente e se podiam arrumar em gavetas fechadas à chave, ou a cadeados, de forma a que elas ficassem lá bem presas e não nos voltassem à memória. Tenho saudades. Saudade é o sentimento que marca as minhas recordações, um sentimento agridoce insalivado por um olhar meigo  de criança que revê o passado como se ele já tivesse muitos anos de longevidade. 
Saudade de pessoas que partiram, provavelmente sem a certeza do quando as amava. De lugares que guardo no coração e onde um dia gostaria de voltar. De conversas que me fizeram aprender e sonhar. De abraços que tornaram momentos difíceis muito mais confortáveis. E de sorrisos que me fizeram sorrir de volta. Saudade. Que palavrinha mistério que nos faz recordar momentos desde os mais felizes aos mais amargos e nisto, percorrer uma vida com o pensamento e no fim, suspirar pelo tempo que já passou. Saudade. Apenas saudade.

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